domingo, 5 de setembro de 2021

Setembro

 05 - Dia da Amazônia 

Comemorada no dia 5 de setembro, a Amazônia é um dos patrimônios naturais mais valiosos de toda a humanidade e a maior reserva natural do planeta. Com sete milhões de quilômetros quadrados, sendo cinco milhões e meio de florestas, o bioma é fundamental para o equilíbrio ambiental e climático do planeta e a conservação dos recursos hídricos.


Apesar de sua incalculável importância ambiental para o planeta, – como o habitat de inúmeras espécies animais, vegetais e arbóreas, e como fonte de matérias-primas alimentares, florestais, medicinais e minerais -, a Amazônia tem sido constantemente ameaçada por inúmeras atividades predatórias, entre elas a extração de madeira, a mineração, as obras de infraestrutura e a conversão da floresta em áreas para pasto e agricultura.

Fonte: wwf


 6, 1839 – Assassinato de Manoel Congo 

O chefe quilombola Manuel Congo foi enforcado em Vassouras/RJ. A prisão e a destruição de seu quilombo foi tarefa do futuro Duque de Caxias, na época capitão. 



Fonte: Agenda Outras Palavras 


 7, 1979 - Primeira ocupação do MST – Fazenda Sarandi (RS) 

Firmes na luta pela terra, centenas de famílias obrigadas a sair da reserva indígena de Nonoai (RS), resolveram comemorar o 7 de setembro de 1979 de forma diferente. Em vez de desfilar pelas ruas das cidades ao lado das mesmas autoridades que não resolviam a situação, decidiram realizar uma marcha e ocuparam as granjas Macalli e Brilhante, duas fatias de um imenso latifúndio, a Fazenda Sarandi, no município de Ronda Alta, no Norte gaúcho. 

Por representar a retomada das lutas pela terra no Brasil ainda na ditadura militar, o 7 de setembro de 1979 é considerado o dia do nascimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que a partir de então se enraizou e se organizou em todo o país, sendo criado formalmente no Primeiro Encontro Nacional de Trabalhadores Sem Terra, realizado de 21 a 24 de janeiro de 1984, em Cascavel, no Paraná.  


Confissões do Latifúndio 


 “Por onde passei,

plantei a cerca farpada,

plantei a queimada.

Por onde passei,

plantei a morte matada.

Por onde passei,

matei a tribo calada,

a roça suada,

a terra esperada...

Por onde passei,

tendo tudo em lei,

eu plantei o nada”.


Pedro Casaldáliga

Fonte: Calendário Histórico dos Trabalhadores – MST


 7, 1822 - Independência do Brasil  

Para além da heroica imagem de D. Pedro I às margens do Rio Ipiranga, entoando "Independência ou Morte!" com sua espada em punho, o que nos conta a história acerca do 7 de setembro?



Para muitos historiadores, a independência do Brasil significou a passagem da dependência de um país poderoso para outro: De Portugal à Inglaterra, da Inglaterra aos Estados Unidos. O golpe de 64 e o mais recente de 2016/18, com todas as trágicas consequências para o povo, mostram como essa dependência econômica se reflete também em dependência política.

Apesar de uma história que é contada de maneira incompleta e distorcida, o 7 de setembro tem conseguido expressar algo novo sobre o país. Enquanto as Forças Armadas desfilam como principal ferramenta de manutenção da opressão do Estado capitalista, o Grito dos Excluídos, desde 1994, e também outros protestos, como as manifestações Fora Bolsonaro! deste ano, demonstram um contraponto. Com a crise política, econômica e sanitária essas contradições tornam-se ainda mais agudas.

Retomar a história do 7 de setembro é relembrar que essa não é a história dos trabalhadores e do povo pobre em luta pela sua libertação, mas a história dos exploradores, escrita com sangue e suor dos escravos, indígenas e trabalhadores do país. 


 Dia 8 - Dia Nacional de Luta pelo Medicamento 


A oferta, ou dispensação, de medicamentos às populações através de seus respectivos governos nacionais representa talvez um dos mais acabados retratos da complexidade do setor saúde e de como a lógica capitalista aprofunda desigualdades e aumenta o hiato entre ricos e pobres a um direito fundamental, o direito à vida. 



1 - Cada vez mais a indústria farmacêutica emprega menos pessoas e rapidamente robotiza seu processo de trabalho. Além de fábricas mecanizadas, isso representa uma importante baixa em seus custos de produção a médio e longo prazo, não justificando medicamentos muita vezes com altíssimos preços finais.

2 - A indústria farmacêutica forma um conglomerado que não produz apenas medicamentos para uso humano, mas também diversificou seu parque industrial fabricando hoje defensivos agrícolas, eufemismo para veneno, usado em plantações mundo afora. A utilização de agrotóxico em lavouras compromete o meio ambiente desde sua elaboração e despejo de seus dejetos durante sua fabricação até efetivamente seu uso na agricultura. São as grandes indústrias farmacêuticas que produzem agrotóxicos utilizados em escala mundial.

3 - A oferta de medicamentos continua refém de patentes do oligopólio farmacêutico, onde iniciativas importantes de alguns países que romperam as correntes das patentes e produzirem medicamentos em laboratórios públicos são um alento, porém a vitória em uma batalha não é a vitória na guerra. Vários países deveriam utilizar o interesse nacional para romper patentes de medicamentos, como os utilizados no tratamento de HIV/AIDS, para ofertar gratuitamente à população. Ou então utilizar exemplos como a experiência exitosa do governo do presidente Lula, no programa Farmácia Popular, para oferta de medicamentos a pacientes crônicos, como diabéticos e hipertensos.  

4 - A crise da Covid-19 mundo afora deixou clara como a desigualdade social acompanha a desigualdade na assistência à saúde. Hoje, em setembro de 2021, enquanto países como EUA e Alemanha já ofertaram vacinas contra Covid-19 para toda a população adulta e agora oferecem para adolescentes e crianças, centenas de países como o Haiti ou a maioria dos países africanos ainda não aplicaram nenhuma dose em seus habitantes. Na disputa do mercado global de medicamentos/vacinas no combate à Covid-19 governos imperialistas, como o dos EUA, trocaram a solidariedade mundial pelo interesse econômico, ora comprando doses de vacinas em quantidades muito superiores a suas populações ora estatizando de maneira velada fábricas de medicamentos, como no caso da Moderna, onde o governo dos EUA investiu US$ 472 milhões e, por conseguinte, adquiriu quase a totalidade dos fármacos disponíveis.

5 - No Brasil o SUS representa a garantia de direitos no acesso a diversos medicamentos inseridos na Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) e nas Remumes (Relação Municipal de Medicamentos Essenciais). Nesse cenário o forte lobby da indústria farmacêutica quase que diuturnamente pressiona o Ministério da Saúde para inserção de medicamentos sem comprovação científica de sua eficácia para as compras governamentais. O lobby da indústria para empurrar medicamentos é tão poderoso que o exemplo mais exótico foi quando há poucos anos atrás o estado do Paraná comprou vacinas para enfrentar o vírus da dengue. À revelia da orientação do Ministério da Saúde e dos demais estados do Brasil, que não fizeram essa aquisição, o Paraná fez compras robustas de vacinas contra dengue sem qualquer comprovação científica de sua eficácia.

O SUS é a mais importante ferramenta de oferta de cuidados em saúde que o pais já vivenciou, desde a criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP), em 1923, até os dias atuais. Ele é um patrimônio do povo brasileiro e sua defesa se mistura com a defesa da vida e de uma sociedade mais justa, mais igual e mais solidária. 

Na festa de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres em 2012, foi contada a história da construção da sociedade britânica e foi dado destaque, como orgulho nacional inglês nesse importante cerimonial, ao NHS, correspondente ao nosso SUS. 

O SUS deve ter para nós esse orgulho, pois imaginemos o que seria do país no enfrentamento à Covid-19 sem um sistema capilarizado, com expertise em imunização e com fila única como o SUS. São vários os interesses por detrás de algumas arrojadas iniciativas de sua privatização, pois o capitalismo só enxerga dinheiro e lucro onde o SUS enxerga vida.


 9 , 1928 – Nascimento de Leon Tolstói 

Nasce em família da nobreza russa Leon Tolstói,  romancista, autor de Guerra e Paz, que relatará e denunciará com maestria a velha Rússia servil, de um ponto de vista democrático-camponês.



Fonte: Agenda Outras Palavras


 11, 1973 - Assassinato de Salvador Allende, presidente do Chile 

Salvador Allende, médico, humanista, dirigente histórico do Partido Socialista Chileno, disputou as eleições presidenciais por quatro vezes e, finalmente, em 1970, foi vitorioso, liderando, pela primeira vez na América Latina, uma coalização de esquerda que assumiu o governo pela via eleitoral. 



Mas foi por pouco tempo. Eleito com uma plataforma de nacionalização de serviços, como o sistema de saúde, e da indústria mineral, além de propor a redistribuição de terras, logo que as reformas sociais começaram a ser implantadas, enfrentou dura oposição dos setores conservadores e das oligarquias apoiadas abertamente pelos Estados Unidos. A CIA patrocinou diversas operações de boicotes e lockouts empresariais, inclusive duas greves de caminhoneiros, que paralisaram o país e causaram desabastecimento e desgaste do governo Allende. 

Finalmente, no dia 11 de setembro de 1973, militares chilenos, liderados pelo general Augusto Pinochet, deram um golpe de estado e derrubaram o governo do socialista Salvador Allende, dando início a uma sangrenta ditadura. O Palácio de La Moneda foi bombardeado e o presidente foi assassinado. 

O Estádio de Futebol de Santiago converteu-se em prisão. Vários brasileiros exilados no Chile foram presos, cinco assassinados. O total oficial de vítimas entre executados, desaparecidos e torturados durante os 17 anos que durou a ditadura de Pinochet (1973-1990) é de para 40.280, entre elas 3.225 mortos ou desaparecidos. 

“Não vou renunciar. Colocado no caminho da História pagarei com minha vida a lealdade do povo. E digo que tenho certeza de que a semente que deixamos na consciência digna de milhares e milhares de chilenos não poderá ser ceifada definitivamente. Eles têm a força, poderão submeter-nos, porém não deterão os processos sociais nem com crimes nem com a força. A história é nossa e é feita pelo povo. “— Salvador Allende


Sugestão do Pavio: assista ao ao filme CHOVE SOBRE SANTIAGO

Fonte: Calendário Histórico dos Trabalhadores – MST; Agenda Outras Palavras


 12, 1977 - Assassinato de Steve Biko pelo regime racista da África do Sul 

Nascido em 1946, Biko ingressou na “seção para não-europeus” (leia-se negros) da Escola de Medicina de Durban, em 1996. Militante estudantil, foi expulso da universidade em 1972. Inspirador da Consciência Negra, dedicou-se a projetos sociais voltados à comunidade negra, como alfabetização de adultos e saúde. 

Em 1973, o governo racista da África do Sul confinou-o em sua cidade natal, proibindo-o de discursar e publicar seus escritos. Em 1976, ficou meses preso, até ser libertado sem acusação formal. No ano seguinte, tornou-se presidente honorário da Convenção do Povo Negro. No mesmo ano, voltou ao cárcere, acusado de transgredir a lei de segurança nacional. Levado para Port Elizabeth, ali foi assassinado na tortura, no dia 12 de setembro de 1977. Tinha apenas 30 anos, deixou viúva e dois filhos e um exemplo para o povo.

Para Biko, a consciência negra reside no negro reconhecer seu próprio valor, manter afinidade com outros grupos raciais marginalizados, como indígenas, mestiços e asiáticos; e ter autoconfiança na relação com os brancos. Seu sonho era construir “uma sociedade não-racial, justa e igualitária, na qual cor, credo ou raça não sejam nenhum ponto de referência”.  Seu testamento espiritual está nas páginas do livro “Steve Biko – Escrevo o que eu quero” 


“É melhor morrer por uma ideia que vai sobreviver do que viver por uma ideia que morrerá” – Steve Biko 


Sugestão do Pavio: assista ao filme UM GRITO DE LIBERDADE 

Fonte: Calendário Histórico dos Trabalhadores – MST


 13 - Dia da Cachaça 

Preocupados com o sucesso da aguardente, Em 1635, a corte portuguesa resolve proibir a cachaça, por razões que variavam do medo de que a bebida causasse uma revolta entre os escravos, passando pela desvalorização da bagaceira e por receio de que o consumo da cachaça interferisse na exploração de ouro no Brasil. Proibiram a fabricação e a venda da cachaça em todo o território brasileiro.

Os proprietários de cana-de-açúcar e alambiques, indignados com as constantes cobranças de impostos aos longo dos anos e perseguidos por vender a bebida, se revoltam no dia 13 de setembro de 1661 e tomam o poder no Rio de Janeiro por cinco meses resultando em um dos primeiros movimentos de insurreição nacional, a Revolta da Cachaça.



Com o poder restituído, o movimento é repreendido com violência e o seu líder, Jerônimo Barbalho Bezerra, é enforcado e decapitado, tendo sua cabeça pendurada no pelourinho da cidade, como exemplo à população fluminense.

Todo o dia 13 de setembro se comemora o “Dia Nacional da Cachaça” como uma forma de relembrarmos os tempos de um Brasil colonial, quando o destilado era símbolo de resistência contra a dominação.


Fonte: Mapa da Cachaça


 14, 1945 - Nascimento de Frei Tito 

Frei Tito de Alencar Lima nasceu em Fortaleza no dia 14 de setembro de 1945, caçula de 15 irmãos. Fez o ginásio e científico no Liceu Ceará, onde como militante da Juventude Estudantil Católica (JEC), dedicou-se ao trabalho apostólico no meio estudantil. Em 1963 assumiu a direção da Juventude Estudantil Católica e foi morar no Recife. Mudou-se para São Paulo para estudar Filosofia na Universidade de São Paulo (USP). 

Em outubro de 1968, foi preso por participar do 30º Congresso da UNE, em Ibiúna (SP). Fichado pela polícia, tornou-se alvo de perseguição pela repressão militar. Voltou a ser preso em novembro de 1969, em São Paulo, acusado de oferecer infraestrutura a Carlos Marighella.  Tito foi submetido à palmatória e choques elétricos, no Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Em fevereiro do ano seguinte, quando já se encontrava em mãos da Justiça Militar, foi retirado do Presídio Tiradentes e levado para a sede da Operação Bandeirantes (Oban).

Durante três dias, bateram sua cabeça na parede, queimaram sua pele com brasa de cigarros e deram-lhe choques por todo o corpo, em especial na boca, “para receber a hóstia”. Os algozes queriam que Tito denunciasse quem o ajudara a conseguir o sítio de Ibiúna para o congresso da UNE e assinasse depoimento atestando que dominicanos haviam participado de assaltos a bancos. Tito tentou o suicídio e foi socorrido a tempo no hospital militar, no bairro do Cambuci.

Na prisão, escreveu sobre a sua tortura. O documento correu pelo mundo e se transformou em símbolo da luta pelos direitos humanos. Em dezembro de 1970, incluído na lista de presos políticos trocados pelo embaixador suíço Giovanni Bucher, sequestrado pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Tito foi banido do Brasil pelo governo Médici e seguiu para o Chile. Sob a ameaça de novamente ser preso, fugiu para a Itália. De Roma, foi para Paris, onde recebeu apoio dos dominicanos. Traumatizado pela tortura, Frei Tito submeteu-se a um tratamento psiquiátrico. Nas ruas da capital francesa, ele “viu” o espectro de seus torturadores e cometeu suicídio.

No dia 10 de agosto de 1974, um morador dos arredores de Lyon encontrou o corpo de Frei Tito suspenso por uma corda pendurada em uma árvore. Foi enterrado no cemitério dominicano do Convento Sainte-Marie de La Tourette, em Éveux.

Em 1983, o corpo de Frei Tito chegou ao Brasil. Cercado por bispos e um numeroso grupo de sacerdotes, Dom Paulo Evaristo Arns repudiou a tragédia da tortura em missa de corpo presente, acompanhada por mais de 4 mil pessoas. A missa foi celebrada em trajes vermelhos, usados em celebrações de mártires. Recentemente, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou projeto de lei que altera o nome da rua Doutor Sérgio Fleury, na Zona Oeste da capital, para Frei Tito.

 “Quando secar o rio da minha infância / secará toda dor. Quando os regatos límpidos de meu ser secarem / minh’alma perderá sua força. Buscarei, então, pastagens distantes / lá onde o ódio não tem teto para repousar. Ali erguerei uma tenda junto aos bosques. Todas as tardes, me deitarei na relva / e nos dias silenciosos farei minha oração. Meu eterno canto de amor: / expressão pura de minha mais profunda angústia. Nos dias primaveris, colherei flores / para meu jardim da saudade. Assim, exterminarei a lembrança de um passado sombrio” - Poema escrito por Tito em Paris, em 12/10/1972.


Fonte: memoriasdaditadura.org.br


 Dia 15 -  Dia Internacional da Democracia 

O Dia Internacional da Democracia, celebrado em 15 de setembro, foi criado pela Organização das Nações Unidas em 2007. Segundo a ONU, a democracia é “um valor universal baseado na vontade, expressa livremente pelo povo, de determinar o seu próprio sistema político, econômico, social e cultural, bem como na sua plena participação em todos os aspectos da vida”. 


 17, 1971 - Assassinato de Carlos Lamarca 

“Ousar lutar, ousar vencer”. Era assim que Carlos Lamarca, um dos principais lutadores da oposição armada à ditadura no Brasil, terminava seus escritos. Filho de pai sapateiro e mãe dona de casa, ele viveu até os 17 anos no morro de São Carlos, no Estácio, no Rio de Janeiro, um entre sete irmãos. Aos 16 anos, participou de manifestações de rua durante a campanha nacionalista "O petróleo é nosso" e tinha como livro de cabeceira Guerra e Paz de Leon Tolstoi.


Em 1955, ingressa na Escola Preparatória de Cadetes, em Porto Alegre, e dois anos depois foi transferido para a AMAN, em Resende (RJ), onde forma-se como aspirante a oficial em 1960. Seu primeiro posto é no 4º Regimento de Infantaria, em Quitaúna, Osasco (SP). Desde cedo destacou-se como exímio atirador, sendo o melhor de seu regimento, representando o II Exército num torneio de tiro em Recife.

Momento marcante de sua formação aconteceu em 1962, quando foi enviado para integrar as forças de paz da ONU na região de Gaza (Palestina), de onde voltou 18 meses depois. Uma experiência que marcou sua vida e sensibilizou o jovem contra as injustiças sociais.

Em 1967, foi promovido a capitão e, dois anos depois, já militante da organização que daria origem à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organizou um grupo de militares do 4º Regimento de Infantaria para desertarem daquela unidade, levando consigo 63 fuzis e metralhadoras leves que deveriam servir para a luta armada contra a ditadura. 

Na VPR, conheceu Iara Iavelberg, por quem se apaixonou imediatamente. Os dois passaram a viver juntos em diversos aparelhos pelo país. As cartas de amor que trocaram nesse período são conhecidas, assim como o famoso diário do guerrilheiro, com textos dirigidos a ela.

Dentre suas ações contra a ditadura, está o sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher, em 1970, que resultou na libertação de 70 presos políticos, além de vários assaltos a bancos para financiar as ações do grupo armado. Viveu quase um ano clandestino em São Paulo, participando de ações de guerrilha urbana, até se instalar no Vale do Ribeira, com um reduzido grupo de militantes, para realizar treinamentos militares.

O local foi descoberto pelos órgãos de segurança em abril de 1970 e cercado por tropas do Exército e da Polícia Militar. Uma gigantesca operação de cerco se prolongou por 41 dias, mas, após dois choques armados, o pequeno grupo guerrilheiro, sob a liderança do capitão rebelde, conseguiu escapar rumo a São Paulo.

Em março de 1971, seis meses antes de sua morte, desligou-se da VPR para se integrar ao Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), que o deslocou para o sertão da Bahia, no município de Brotas de Macaúbas, com a finalidade de estabelecer uma base da organização naquela região.

Em 17 de setembro de 1971, Lamarca foi fuzilado por integrantes da “Operação Pajuçara”, em Ipupiara, no interior da Bahia. Essa operação, iniciada em agosto de 1971, entrou para a história como uma das mais violentas, sobretudo em Buritis, que se tornou à época um verdadeiro campo de concentração, com torturas e assassinatos em praça pública, diante da população.  Lamarca tinha 34 anos quando morreu.


Sugestões do Pavio: Em 1980, Emiliano José e Oldack Miranda escreveram a biografia “Lamarca: o capitão da guerrilha”. E em 1994 o diretor Sérgio Rezende lançou o filme Lamarca, baseado no livro.


Fonte: memoriasdaditadura.org.br


 18, 1865 - Guerra do Paraguai 

A grande província do Paraguai herdou das missões jesuítas uma estrutura agrária sem latifúndio, o que permitiu a seus governos fundar sua estabilidade numa espécie de democracia agrária. Os camponeses paraguaios no século XIX não conheciam a pobreza e a escravidão. O país possuía uma produção agrícola autossuficiente e uma industrialização de capital nacional, que mesmo pequena era uma das mais avançados da América Latina. Nessa época o Paraguai já tinha até Siderúrgica e não aceitava se submeter ao mercado internacional, se isolando do comércio das nações. 

Esse posicionamento paraguaio era inaceitável para a Inglaterra, que estimulou o Brasil, a Argentina e o Uruguai a entrarem em guerra contra o Paraguai.  Dessa forma, os grandes avanços daquele ais foram liquidadas pela chamada Guerra da Tríplice Aliança, no Brasil conhecida como Guerra do Paraguai (1865-1870).  A população do Paraguai no início da guerra era de mais de 1,3 milhão de habitantes. No fim do massacre só restaram 22 mil homens adultos, fora os velhos, crianças e mulheres. As plantações foram queimadas e suas indústrias destruídas.  


Fonte: Calendário Histórico dos Trabalhadores – MST


 19, 1921 – Nascimento de Paulo Freire, patrono da Educação Brasileira 

A vida e a obra de Paulo Freire foram marcadas por sua clara opção a favor dos oprimidos. Nascido em uma região pobre do país - Recife, Pernambuco, em 19 de setembro de 1921 - ele pôde, desde cedo, observar as dificuldades de sobrevivência das classes desfavorecidas. Talvez daí tenha vindo a sua indignação contra as injustiças e seu grande desejo: a transformação da sociedade que, segundo ele, devia ser menos autoritária, discriminatória e desigual.



A sua prática na educação, ou sua práxis educativa, como ele preferia chamar, foi sempre coerente com o seu sonho de democracia, desde os tempos de professor de escola, até aqueles em que passou a criador de ideias e "métodos", os quais assistiu serem reconhecidos e divulgados pelo mundo.

Nesta trajetória, marcada por uma postura político-ideológica que vislumbra sempre a superação das relações de opressão, se destacam a coragem e a luta – sua verdadeira ideia de felicidade. Seja nas salas da Universidade do Recife, onde ensaiou os primeiros passos de sua filosofia educacional ou nas primeiras experiências de alfabetização/ conscientização de adultos – como a de Angicos, Rio Grande do Norte (1963) - Freire ficou conhecido como educador voltado para as questões do povo. 

A convite do governo Goulart, Freire coordenou, no Brasil, o Programa Nacional de Alfabetização, usando o "Método" de alfabetização criado por ele e que deveria atingir 5 milhões de adultos. Como o "Método Paulo Freire" não trata apenas de alfabetizar, mas também de politizar, os alfabetizandos eram levados a perceber as injustiças que os oprimiam e a necessidade de buscar mudanças, através de organizações próprias - o que fez com que passassem a ser identificados como ameaça. Assim, o Programa foi extinto pelo governo militar em abril de 1964, menos de 3 meses após ter sido oficializado.

Por ousar e colocar em prática uma metodologia capaz, não só de instrumentalizar a leitura e a escrita dos iletrados, ou dos alfabetizandos, como ele preferia chamar, mas de incitar a sua libertação, Freire foi acusado de subverter a ordem instituída e, depois de preso, teve que se retirar do país, seguindo o caminho do exílio.

No entanto, em coerência com as próprias ideias e práticas, Paulo Freire soube se fazer sujeito de sua história e acabou por transformar também esta situação, a princípio tão adversa, começando no Chile uma nova etapa de sua vida e obra. Trabalhou como assessor do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e do Ministério da Educação do Chile, desenvolvendo, assim, programas educativos para adultos. Também foi no Chile que Freire escreveu sua principal obra: Pedagogia do Oprimido.

Depois de 16 anos de exílio, Paulo Freire voltou ao Brasil, em 1980. Lecionou em importantes universidades como UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) e PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e foi, aos poucos, reconhecendo e reaprendendo seu país.

Em 1989, Paulo Freire assumiu, então, a secretaria de Educação da maior cidade do país, o Município de São Paulo. Seu mandato teve como marca a recuperação salarial dos professores, a revisão curricular e, é claro, a implantação de programas de alfabetização de jovens e adultos.

Paulo Freire ganhou vários prêmios, em todo o mundo, como reconhecimento da relevância de seus trabalhos na área da educação. Em abril de 1997, lançou seu último livro, "Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa", e em maio do mesmo ano, vítima de um infarto do miocárdio, Paulo Freire acabou falecendo. Em 2012, por meio da Lei 12.612, de 13 de abril de 2012, de autoria da deputada federal Luíza Erundina, Paulo Freire foi declarado Patrono da Educação Brasileira.


Algumas frases de Paulo Freire:


“Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre”.


“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.


“Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes”.


“Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica”.


“(...) Todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje (...). Temos de saber o que fomos, para saber o que seremos”.


Fonte: www.paulofreire.org



 22, 1897 – Morte de Antônio Conselheiro 

Morre Antônio Conselheiro, após longo jejum, em Canudos/BA sitiada e asfixiada pelo Exército. Seu cadáver foi exumado, fotografado e degolado.


Canudos


Por onde vais, Conselheiro

Nessa peleja medonha

De rasgar campos desertos

De ternura e plantação

De conduzir sua gente

A pegar arma e semente

E combater um dragão 

Valente como demônio

Maldito como a ganância

Que aprendeu a roubar do povo

O direito de ter pão”.


Zé Pinto


Fonte: Agenda Outras Palavras; Agenda NPC 2021


 23, 1973 – Morte de Pablo Neruda 

12 dias após o golpe de Pinochet, morre Pablo Neruda, poeta comunista chileno que ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1971.



Fonte: Agenda Outras Palavras


 25 - Dia do Rádio 

O dia 25 de setembro é o dia do rádio. O rádio foi patenteado pelo cientista e inventor italiano Guglielmo (Guilherme) Marconi, no início do século 20. A primeira transmissão radiofônica no Brasil aconteceu no dia 7 de setembro de 1922, por ocasião do centenário da independência. Uma estação de rádio foi instalada no Corcovado e, além de música, emitiu o discurso do presidente da República, Epitácio Pessoa. No ano seguinte foi fundada por Roquete Pinto a primeira emissora de rádio do país: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. 

No entanto, o rádio tem mais razões para ser considerado brasileiro. Roberto Landell de Moura (1861-1928), padre e cientista gaúcho, também havia realizado experiências semelhantes às de Marconi - antes do italiano. Entre 1901 e 1904, Landell de Moura esteve nos Estados Unidos, onde patenteou inventos, entre os quais um "transmissor de ondas" ou "transmissor fonético a distância" que seria exatamente o rádio. Sua patente, porém, era limitada e perdeu a validade. Marconi ficou com a fama.


 28, 1864 – Fundação da 1º Internacional  

Fundada em Londres, por iniciativa de Marx, a Associação Internacional dos Trabalhadores, a 1ª INTERNACIONAL . Com partidários do socialismo científico, proudhonianos, bakuninistas, blanquistas, entidades sindicais. Atuará até 1876.



Fonte: Agenda Outras Palavras


 28 -  Dia da Luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto na América Latina e Caribe 

O Dia da Luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto na América Latina e Caribe se celebra todo dia 28 de setembro desde 1990, quando essa data foi instaurada no 5º Encontro Feminista Latino-americano (EFLAC). O evento, que ocorreu na Argentina, definiu esse dia de luta a partir da sugestão de grupos feministas que sentiam a necessidade de visibilizar a situação do aborto na região e gerar conscientização.

Por que um dia para essa luta?

O Dia da Luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto na América Latina e Caribe tem um nome tão extenso quanto o histórico de opressão e violência à mulher já vivenciados na América Latina. A ilegalidade do aborto, juntamente com a falta de acesso a serviços de planejamento familiar, ao serviço pré-natal de qualidade, a serviços de emergência obstétrica eficazes e a serviços de qualidade para tratamento de complicações decorrentes de aborto provocado ou espontâneo, são fatores que contribuem para os altos índices de mortalidade materna, segundo estudo da organização sem fins de lucro Ipas, que se dedica à promover a saúde reprodutiva em diversos países.  A Organização Mundial da Saúde publicou em 2017 uma pesquisa que apontava a realização de mais de 6,4 milhões de abortos na América Latina entre 2010 e 2014. Segundo o estudo, mais de 76% dessas interrupções de gravidez foram feitos de forma insegura, colocando a vida de muitas mulheres em risco.


Fonte: politize


 29, 1993 – Massacre de Vigário Geral 

Massacre de Vigário Geral, quando PMs assassinam 21 moradores da comunidade do Rio de Janeiro. 

Fonte: Agenda Outras Palavras


 30, 1982 – 3º Congresso da UNE 

3º Congresso da UNE elege pela primeira vez uma mulher – Clara Araújo 


Fonte: Agenda Outras Palavras


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