terça-feira, 20 de julho de 2021

Julho (16/07 a 31/07)

 Calendário de Classe 

Apesar de todos os apelos da sociedade de consumo, ainda não somos descartáveis. Para vivermos o presente e construirmos o futuro, precisamos conhecer nossa história, homenagear nossos mártires, cultivar nossa cultura, valores e tradições de luta. 

A cada edição, o Pavio Curto publicará este calendário apresentando datas e acontecimentos importantes para a classe trabalhadora. Acontecimentos que devem ser estudados e debatidos. Datas que merecem nossa lembrança. 


 16, 1920 – Nascimento de Elizeth Cardoso 

A Divina...a Enluarada...assim permanece lembrada Elizeth Cardoso, neste 16 de julho, quando completaria 101 anos.  Ela é considerada uma das maiores intérpretes da música brasileira, além de uma das mais talentosas cantoras de todos os tempos. Shows, discos, parcerias e interpretações inesquecíveis marcaram a carreira dessa carioca nascida em uma família pobre, que nunca esqueceu sua origem popular. Também não se curvou ao machismo e ao preconceito dominante no meio artístico da sua época. A obra e a vida de Elizeth permanecem vivas, porque, segundo Chico Buarque ela “é a nossa cantora mais amada. Voz de mãe, e mãe de toda as cantoras do Brasil. “


 18, 1918 – Nascimento de Nelson Mandela 

Nelson Mandela (1918 - 2013) foi um líder que marcou a história da África do Sul e influenciou uma mudança de pensamento no mundo inteiro. Ao longo de sua vida nos presenteou com várias mensagens de sabedoria que nos inspiram e motivam a lutar pela justiça social, pela liberdade, pelo amor, pela vida. Neste 18 de julho, quando completaria 103 anos, Mandela, o Madiba, prêmio Nobel da Paz em 1993 e primeiro presidente negro da África do Sul (1994-99) é homenageado pelo Pavio Curto por algumas de suas lindas frases que permanecem no nosso coração e na memória da humanidade. 

“Lutei contra a dominação branca e contra a dominação negra. Defendi o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas vivem juntas em harmonia e oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e conseguir realizar. Mas, se for preciso, é um ideal para o qual estou disposto a morrer”. (1964)

“A grandeza da vida não consiste em não cair nunca, mas em nos levantarmos cada vez que caímos”. (1994)

“Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração”. (1994)

“Lutar contra a pobreza não é um assunto de caridade, mas de justiça”. (2005)


 18, 1936 – Guerra Civil Espanhola 

Em fevereiro de 1936, a Frente Popular reunindo vários setores democráticos e de esquerda (socialistas, comunistas, anarquistas, liberais) elegeu Manuel Azaña como presidente. Em uma tentativa de golpe da extrema direita em 18 de julho começava a Guerra Civil Espanhola. 

Essa guerra, devido ao clima político internacional na época, teve muitas facetas, e diferentes pontos de vista a viram como uma luta de classes, uma guerra religiosa, uma luta entre ditadura e democracia republicana, entre revolução e contrarrevolução, entre fascismo e comunismo. 

Os nacionalistas venceram a guerra no início de 1939 e governaram a Espanha até a morte de Franco em novembro de 1975. Durante 36 anos, essa ditadura causou a morte de mais de 500 mil pessoas. Em 2007, o Papa Bento XVI beatificou esses mortos, porém em 2013 os sobreviventes da ditadura do general Franco pediram ao Papa Francisco que reconhecesse o apoio da Igreja Católica à ditadura na Espanha.

A lei de anistia de 1977 garante a imunidade de todos os agentes do Estado envolvidos em qualquer tipo de denúncia. Apenas em outubro de 2008 o então juiz Baltasar Garzón, conhecido por ter pedido a prisão do ditador chileno Augusto Pinochet, abriu a primeira causa na história espanhola para investigar os crimes ocorridos entre 1936 e 1975. 

Integrantes de diferentes associações de vítimas da guerra civil (1936-1939) e do franquismo (1939-1975) pediram a abertura de uma Comissão da Verdade e do julgamento dos implicados nos crimes cometidos durante a guerra e a ditadura de Francisco Franco, o que só aconteceu em 2018.


 20 – Homem na Lua 

Sim, o ser humano foi à lua e não, a Terra não é plana.

A Apollo 11 foi um voo espacial tripulado norte-americano responsável pelo primeiro pouso na Lua. Os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin alunissaram o módulo lunar Eagle em 20 de julho de 1969 às 20h17min, horário norte-americano. 

Armstrong e Aldrin passaram um total de 21 horas e meia na Lua até reencontrarem-se com Collins.

O pano de fundo dessa viagem era a Guerra Fria que impulsionou a Corrida Espacial.



Poucos sabem, mas o principal engenheiro pela chegada à Lua foi Wernher von Braun, um nazista que se entregou aos norte-americanos. Do outro lado, na extinta União Soviética o engenheiro Sergei Pavlovich Korolev era quem comandava a corrida. Antes de sua súbita morte em 1966, a União Soviética liderava a corrida espacial, e planos para colocar o primeiro homem na lua haviam começado a serem implementados. Sergei Korolev foi, ao contrário do que é propagado, o verdadeiro criador do desafio de levar homens à lua, embora a URSS nunca tenha admitido publicamente que pretendia este feito. Os Estados Unidos, em contrapartida, o fizeram através de um desafio público lançado pelo presidente John F. Kennedy.

Antes de sua morte ele era conhecido como "Engenheiro Chefe", pois os soviéticos temiam que os Estados Unidos enviassem agentes para assassiná-lo.


 23, 1993 – Massacre da Candelária 

Na noite de 23 de julho de 1993, pouco antes da meia-noite, um táxi e um Chevette com placas cobertas pararam em frente à Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro. Em seguida, os ocupantes atiraram contra dezenas de pessoas, a maioria adolescentes, que estavam dormindo nas proximidades da Igreja.

Posteriormente, nas investigações, descobriu-se que os autores dos disparos eram milicianos. Como resultado, seis menores e dois maiores morreram e várias crianças e adolescentes ficaram feridos. Segundo estudos realizados por associações ligadas à organização Anistia Internacional, quarenta e quatro das setenta pessoas que dormiam nas ruas daquela região perderam a vida de forma violenta. A maioria das vítimas eram pobres e negras.

Os nomes dos oito mortos no episódio encontram-se inscritos em uma cruz de madeira, erguida no jardim de frente da Igreja:

    • Paulo Roberto de Oliveira, 11 anos

    • Anderson de Oliveira Pereira, 13 anos

    • Marcelo Cândido de Jesus, 14 anos

    • Valdevino Miguel de Almeida, 14 anos

    • "Gambazinho", 17 anos

    • Leandro Santos da Conceição, 17 anos

    • Paulo José da Silva, 18 anos

    • Marcos Antônio Alves da Silva, 19 anos

Infelizmente, os massacres continuam hoje, uns velados, outros escancarados nos noticiários através das incursões das polícias nas comunidades. A guerra contra o tráfico é na verdade a guerra contra o pobre, principalmente contra o preto. 


 24, 1995 – Assassinato do padre Ezequiel Ramin 

Nesse dia, Padre Ezequiel foi brutalmente assassinado quando voltava de uma missão de paz, juntamente com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cacoal (Rondônia).



Ele foi falar a colonos ameaçados de despejo para que não partissem para o conflito. Enquanto voltava para casa, o carro em que viajavam foi alvejado por tiros. Nem os mandantes ou os assassinos foram presos. Ele tinha 32 anos.

Padre Ezequiel era missionário comboniano. Em 1980, foi ordenado em Pádua, e permaneceria na Itália até ser enviado para o Brasil, em 1983.

Depois de alguns meses em Brasília, onde estudou português e a realidade da sociedade e da Igreja brasileira, foi enviado para a comunidade de combonianos em Cacoal.

Na região, encontrou uma acentuada situação de desigualdade social decorrente da ausência de reforma agrária e uso da violência pelos grandes latifundiários, que grilavam terras para ampliar suas propriedades. Desse modo, colocou-se ao lado dos indígenas e pequenos trabalhadores rurais na luta pelo direito à terra, ao trabalho e à vida digna.

Documentário

Em 2015, a Verbo Filmes, produtora ligada à Congregação do Verbo Divino, lançou o documentário “Ezequiel Ramin – O Mártir da Opção pelos Pobres”, produzido em parceria com os missionários combonianos.


 25 – Dia do Trabalhador Rural 

No dia 25 de julho e 1824, aconteceu no Brasil a primeira conquista de terra para quem nela trabalha pelos pobres migrantes. Quando a classe dominante brasileira (senhores de engenho, donos de minas, grandes criadores de gado) percebe que o fim da escravidão é apenas uma questão de tempo, busca outra alternativa para continuar explorando os trabalhadores com a cumplicidade dos governos do países europeus (Alemanha, Polônia, Itália) para trazer de lá mão de obra mais barata dos camponeses.

O primeiros a chegarem foram os suíços, que foram instalados em 1819 em Nova Friburgo (RJ), para produzirem alimentos para a cidade do Rio de Janeiro. Os de maior destaque, entretanto, são os imigrantes que foram encaminhados para o sul do Brasil (RS, SC e PR). As primeiras terras que receberam estavam habitadas por povos indígenas. Nessa batalha campal, vencia o mais forte. Muitos morreram nessa guerra entre irmãos (tanto indígenas como imigrantes); outros morreram doentes. Os que sobreviveram enfrentaram muitas dificuldades.

O dia 25 de julho simbolizou um marco na conquista do direito à terra pelos pobres, até então negado. Símbolo da migração camponesa, a data foi aos poucos sendo popularizada pelas Igrejas Católica e Luterana, como dia dos agricultores, dos trabalhadores da roça. Ao longo dos anos foi se ampliando e hoje, assimilado pelas organizações dos trabalhadores, se nacionalizou. 

Na ditadura militar, o governo Médici quis mudar a data e decretou o 25 de maio como dia oficial do Trabalhador Rural, em homenagem ao Estatuto do Trabalhador Rural e ao Funrural, duas leis dirigidas ao campo. Mas a data não teve a adesão das organizações dos trabalhadores e acabou sendo esquecida. 

A partir de 1824, ingressaram no Brasil, como migrantes, camponeses oriundos da Europa, mais de 1,6 milhão de italianos (parte ficou nas cidades), 700 mil espanhóis (muitos como artesãos nas cidades), 250 mil alemães, 220 mil japoneses e 100 mil de outras nacionalidades. E ainda mais de 1,7 milhão de portugueses pobres, mas a maioria se radicou no comércio.


 25 - Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha 

Em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana, estipulou-se que este dia seria o marco internacional da luta e da resistência da mulher negra. Desde então, muitas ONGs têm atuado para consolidar e dar visibilidade a esta data, tendo em conta a condição de opressão de gênero, raça e etnia vivida pelas mulheres negras latino-americanas e caribenhas.

No Brasil, a data homenageia a líder quilombola Tereza de Benguela, símbolo de luta e resistência do povo negro. A mulher negra é, ainda hoje, a principal vítima de feminicídio, das violências doméstica e obstétrica e da mortalidade materna.

Tereza de Benguela, foi uma mulher quilombola, rainha e chefe de estado, que viveu no século XVIII no Vale do Guaporé. Ela liderou o Quilombo de Quariterê, no estado do Mato Grosso, que resistiu da década de 1730 até o final do século.


Referências: 

Calendário Histórico dos Trabalhadores – MST, 1998; Calendarr Brasil; Calendário Feminista;  Opera Mundi; Gazeta do Povo; O Globo; Wikipédia; 

sábado, 3 de julho de 2021

Julho

 Apesar de todos os apelos da sociedade de consumo, ainda não somos descartáveis. Para vivermos o presente e construirmos o futuro, precisamos conhecer nossa história, homenagear nossos mártires, cultivar nossa cultura, valores e tradições de luta. 

A cada edição, o Pavio Curto publicará este calendário apresentando datas e acontecimentos importantes para a classe trabalhadora. Acontecimentos que devem ser estudados e debatidos. Datas que merecem nossa lembrança. 

Julho   (01 a 15/07)

03 - Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial

3 de julho é o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial. A data faz referência à aprovação pelo Congresso Nacional, no ano de 1951, da Lei nº 1.390 (Lei Afonso Arinos, proposta pelo jurista e político mineiro), sendo esta a primeira lei contra o racismo no Brasil. Mais adiante, a Lei nº 7.437/1985 deu nova redação a esta: inclui, entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.


06, 1907 – Nascimento de Frida Kahlo

Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, mais conhecida por seu pseudônimo artístico, Frida Kahlo, nasceu na pequena vila de Coyoacán, próxima à cidade do México, no dia 06 de julho de 1907. Ela afirma em seu diário ter nascido em 1910, porque como teve parte da infância vivida entre tiroteios e disputas entre camponeses na Revolução Mexicana de 1910, Frida denominava-se como “filha da revolução”.

Pintora surrealista, revolucionária marxista e bissexual, pintou em suas obras a difícil vida que levou, até sua morte precoce, aos 47 anos. Nelas, também retratava questões sociais e sua militância.

Desde pequena, a pintora teve uma vida marcada por doenças. Com seis anos de idade contrai poliomielite, que lhe deixa uma sequela no pé. Por conta disso, Frida passa a usar calças compridas e, mais tarde, longas saias coloridas, que serão sua marca.

Aos 18 anos sofre um grave acidente de bonde e durante a sua longa convalescença, começa a pintar, usando a caixa de tintas de seu pai e um cavalete adaptado à cama.

Sua obra recebia influência da arte indígena mexicana. Pintava paisagens mortas e cenas imaginárias. Usava cores fortes e vivas, explorando principalmente os autorretratos. Frida Kahlo era também aficionada por fotografia. As suas pinturas tinham frequentemente fortes elementos autobiográficos e misturavam realismo com fantasia.  Em 1928, entrou para o Partido Comunista Mexicano e conheceu o muralista Diego Rivera, com quem se casa no ano seguinte, em um casamento tumultuado.

Frida Kahlo lecionou artes na Escola Nacional de Pintura e Escultura, recém-fundada na cidade do México. Foi uma defensora dos direitos das mulheres, tornando-se um símbolo do feminismo. 

Em 1953, o estado de saúde da pintora agravou-se. Os pés tiveram gangrena e precisaram ser amputados. Apesar da tristeza com a situação, esse momento eternizou uma de suas mais famosas frases e que representa toda a vida de Frida: “Pés, para que os quero, se tenho asas para voar?”

Decorrente de uma grave pneumonia, Frida falece no dia 13 de julho de 1954, aos 47 anos. No diário da artista foi encontrada a seguinte frase:

"Espero alegre a minha partida - e espero não retornar nunca mais."


09 a 16, 1917 – Primeira Greve Geral em São Paulo 

A Greve Geral de 1917 foi um movimento organizado pelos operários e comerciantes de São Paulo nos meses de junho e julho.

Os trabalhadores pediam melhores condições de trabalho e aumento de salário. Depois de cinco dias de paralisação geral, os grevistas tiveram suas reivindicações atendidas.

A paralisação começou na fábrica Crespi que empregava 2.000 trabalhadores, no bairro da Moca. Os operários pediam aumento de salário, redução da jornada de trabalho, proibição do trabalho infantil e do trabalho feminino à noite.

Esse movimento se espalha por outras fábricas do bairro provocando a adesão de mais operários. Inspirados pelas ideias anarquistas divulgadas pelo jornalista Edgar Leuenroth, os trabalhadores fazem os primeiros comícios em bairros e praças públicas.

Ao longo de todo mês de junho várias fábricas somam-se à greve. Em 8 de julho é criado o Comitê de Greve, proposto pelos anarquistas. No dia seguinte, a polícia mata o sapateiro espanhol José Martinez e causa revolta entre os grevistas.

Em 12 de julho, a greve estava decretada. São Paulo amanhece com fábricas, comércios e transportes parados. Diante da forte repressão policial, os operários se recusam a negociar diretamente com os patrões e jornalistas se encarregam de formar uma comissão intermediadora.

Depois de árduas negociações, os operários conquistaram o aumento de 20% de salário, direito de associação e a não demissão dos envolvidos na greve. No dia 16 de julho, um comício realizado no Largo da Concórdia, decreta o fim da primeira greve geral do Brasil.


12/07 - 24º aniv. Malala Yousafzai

Malala Yousafzai (1997) é uma militante dos direitos das crianças, uma jovem paquistanesa que foi vítima de um atentado por defender o direito das meninas de ir à escola. Com 17 anos, foi a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz. Em 2010, embora o governo tivesse anunciado a expulsão do Talibã da região do Vale do Swat, no Paquistão, a milícia continuava rondando a área. Malala que já era conhecida por defender em entrevistas e palestras o direito das meninas à educação, passou a receber ameaças de morte. No dia 9 de outubro de 2012, com 15 anos, Malala que estudava na província de Khyber Pakhtunkhwa, enquanto voltava para casa, seu ônibus escolar foi parado por membros do Talibã, que subiram a bordo e perguntaram: “Quem é Malala?”. Ninguém respondeu, mas um dos terroristas a reconheceu e disparou três tiros em sua cabeça. Malala sobreviveu ao atentado, recuperou-se e não recuou de suas convicções. Tornou-se porta voz de uma causa – o direito à educação. Sua família mudou-se para Birmingham, onde vive exilada. No dia 10 de outubro de 2014, com 17 anos, Malala recebeu o “Prêmio Nobel da Paz”, tornando-se a mais jovem ganhadora da premiação.

13 – Dia Mundial do Rock

No dia 13 de julho de 1985, aconteceu o chamado Live Aid, realizado principalmente em Londres e na Filadélfia (apesar de também contar com alguns shows na Austrália, na Rússia e no Japão).

Foi um festival histórico, idealizado para arrecadar doações para famílias pobres na Etiópia. A produção contou com uma das maiores transmissões em larga escala por satélite e televisão de todos os tempos, resultando em mais de 1,5 bilhão de espectadores

O festival incluiu alguns dos nomes mais memoráveis do rock. A lista tem Sting, U2, Phil Collins, Dire Straits, David Bowie, The Who, Elton John, Paul McCartney, Eric Clapton, Mick Jagger e Bob Dylan

Por volta de 1987, a data começou a ser celebrada principalmente por rádios brasileiras de rock. O curioso é que apesar de ser chamado aqui de “dia mundial”, a data só é comemorada no nosso país!

Nos Estados Unidos, por exemplo, a data considerada é 9 de julho, data em que estreou o programa American Bandstand, que ajudou a popularizar o gênero entre as décadas de 50 e 80.  

 


14 – Dia Internacional das Pessoas Não-Binárias 

O Dia Internacional das Pessoas Não-Binárias tem como objetivo de conscientizar e organizar os problemas enfrentados por indivíduos não-binários em todo o mundo. O dia foi comemorado pela primeira vez em 2012. A data foi escolhida por ser precisamente entre o Dia Internacional do Homem e o Dia Internacional da Mulher.

Não-binariedade ou identidades não-binária é um "termo guarda-chuva" (que abarca várias identidades diferentes dentro de si) para identidades de gênero que não são masculinas ou femininas, estando portanto fora do binário de gênero e da cisnormatividade. Academicamente, a não-binariedade pode ser frequentemente agrupada à inconformidade de gênero. Pessoas não-binárias podem classificar a sua identidade de gênero de várias maneiras, entre as quais:

Agênero (ausência total de gênero)

Neutros (identidade de gênero neutra)

Bigênero (identidade de gênero dupla ou ambígua)

Poligênero (identidade de gênero plural ou múltipla)

Gênero-fluido (identidade de gênero fluida)

Intergênero (identidade de gênero interligada a uma variação intersexo ou intermediária de outros gêneros)

Demigênero (identidade de gênero parcial)

Trigênero (identidade de gênero tripla)

Pangênero (ter todos os gêneros acessíveis e possíveis dentro de sua vivência)

 

 


14 – Dia da Liberdade de Pensamento

Em 14 de julho é comemorado em todo o mundo o Dia da Liberdade de Pensamento. A primeira vez em que foram definidos a liberdade e os direitos fundamentais do Homem foi por meio da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte da França em 26 de agosto de 1789. Vale lembrar, ainda, que o dia 14 de julho remete a uma data muito importante na história: a Queda da Bastilha, que marcou o início da Revolução Francesa.

Além de ter servido de inspiração para as constituições francesas de 1848 e para a atual, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão também foi base da Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 10 de dezembro de 1948

“Todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular”.

“Todo homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.


14, 1789 – Revolução Francesa – Queda da Bastilha

A queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789, é considerado o evento que deu início à Revolução Francesa. A Bastilha era uma grande prisão considerada símbolo do Antigo Regime, e sua tomada pela população de Paris espalhou a revolução por toda a França. Esse alastramento da revolta popular resultou em grandes transformações sociais e políticas no país e marcou a queda do Antigo Regime. A tomada da Bastilha foi consequência da grave crise que a sociedade francesa enfrentava no final do século XVIII.

A Revolução Francesa foi resultado da grave crise que a sociedade francesa enfrentava nas décadas de 1770 e 1780. Nesse período, a França possuía uma monarquia absolutista e era governada por Luís XVI, que concentrava todo o poder do Estado francês. Além disso, a sociedade francesa era dividida em três grandes grupos, conhecidos como estados.

O Primeiro Estado representava o clero e os representantes da sociedade vinculados à Igreja. O Segundo Estado representava a aristocracia francesa, isto é, a nobreza, que mantinha uma série de privilégios e viviam à custa do Estado e de seus feudos. Essas duas classes, juntas, impunham uma grande opressão e exploração sobre o Terceiro Estado, o qual agrupava o povo em geral e formava cerca de 95% da população francesa, mas que era representado oficialmente pela burguesia francesa.

Clero e nobreza possuíam uma série de privilégios, como terras cedidas pelo rei francês e isenção de impostos, e dispunham um estilo de vida extremamente luxuoso. A partir da década de 1770, com a crise econômica que se instalou na França, a nobreza, principalmente, ampliou sua exploração sobre o povo, exigindo cada vez mais dinheiro dos camponeses que trabalhavam em suas terras.

O povo, sobretudo os camponeses, viviam em uma situação extremamente difícil nessa época, pois, segundo o historiador Eric Hobsbawm, “os tributos feudais, os dízimos e as taxas tiravam uma grande e cada vez maior proporção da renda do camponês, e a inflação reduzia o valor do resto”.

A situação dos camponeses era agravada pela forte crise econômica que afetava o país. Essa crise resultava do envolvimento da França na Revolução Americana. Os altos gastos do país na guerra contra a Inglaterra faliram a economia francesa, ainda mais fragilizada com a manutenção pela Coroa do padrão de vida luxuoso da nobreza francesa. Hobsbawm estima que a França gastava, na época, 20% a mais do que arrecadava.

O grande estopim que transformou a revolta popular em revolta generalizada foi o quadro de fome que se espalhou no país após colheitas ruins em 1788 e 1789 e um inverno rigoroso. Esses dois fatores contribuíram para o aumento do custo de vida, principalmente dos alimentos, e impulsionaram o povo para a rebelião e, em outros casos, para o banditismo.

 

Referências: 

Calendário Histórico dos Trabalhadores – MST, 1998; Calendarr Brasil; Brasil Escola UOL; Toda Matéria; Calendário Feminista 


sábado, 26 de junho de 2021

Junho

 Apesar de todos os apelos da sociedade de consumo, ainda não somos descartáveis. Para vivermos o presente e construirmos o futuro, precisamos conhecer nossa história, homenagear nossos mártires, cultivar nossa cultura, valores e tradições de luta. 

A cada edição, o Pavio Curto publicará este calendário apresentando datas e acontecimentos importantes para a classe trabalhadora. Acontecimentos que devem ser estudados e debatidos. Datas que merecem nossa lembrança.

19 – Dia Nacional do Migrante 

O Dia Nacional do Migrante, 19 de junho, reflete sobre as dificuldades enfrentadas por todos aqueles que deixam as suas terras em busca de condições melhores para viver. Além de ser um dia de conscientização sobre os desafios que essas pessoas encontram, a data comemorativa reconhece o papel do migrante na sociedade.


19, 1764 – Nascimento de José Artigas – “Pai da Pátria” uruguaia

José Gervasio Artigas nasceu em 19 de junho de 1764 e faleceu em 23 de setembro de 1850. Foi um dos mais importantes estadistas da Revolução do Rio da Prata, pelo que é honrado também na Argentina por sua contribuição à independência e federalização do país.

Teve uma atuação destacada nas lutas de independência e no predomínio dos ideais republicanos e democráticos sobre a visão monarquista. Lutou sucessivamente contra o Império Espanhol, os unitários instalados na cidade de Buenos Aires e Montevidéu e o Reino Unido de Portugal e Brasil. 

Em abril de 1813, José Artigas inaugura o Congresso Provincial, que afirma a soberania da Província Oriental e formação da Confederação do Prata, nomeando o primeiro governo do Uruguai. O governo de Buenos Aires não aceita e Artigas cerca Montevidéu, sendo considerado fora-da-lei. 

Sob sua direção, foi preparada a Constituição da República Oriental, a mais democrática de sua época, onde era afirmada a igualdade de todos e o povo com fonte de todo o poder. Ao aceitar nas tropas negros escravizados, eles conquistam uma espécie de emancipação, o que não agrada aos proprietários de terras. Preocupados, os latifundiários designam o geral Alvear para derrotar Artigas que, com a ajuda de uma forte tropa, reconquista Montevidéu. Após recuperar a cidade, em 1815, José Artigas é proclamado capitão geral. 

Elabora um regulamento para o desenvolvimento da agricultura, distribuindo terras entre os explorados, incentivando a produção e o consumo coletivo. Dizia que “os despossuídos devem ser agora agraciados”. No entanto, não pode continuar seu projeto: os portugueses invadem Montevidéu, na denominada Guerra contra Artigas ocorrida entre 1816 e 1820, e ele é obrigado a se refugiar nas selvas paraguaias. 

José Artigas liderava um movimento contra o projeto argentino de reconstituição territorial de seu antigo vice-reinado (que constituía parte do Uruguai) e as investidas portuguesas a partir de um projeto expansionista elaborado pela Dinastia de Bragança com o intuito de anexar o Uruguai ao nascente Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1816). No âmbito econômico intercontinental, o Uruguai sofria a influência da industrializada Inglaterra.

No ano de 1821, após o exílio de Artigas, o Uruguai é anexado ao Brasil. Por meio de uma aliança entre brasileiros e portugueses, a região é batizada de Província Cisplatina.

No ano de 1825, os brasileiros são expulsos da província pelo líder uruguaio Juan Antonio Lavallejo. Com ajuda de tropas da argentina, Lavallejo proclama a independência do Uruguai. No entanto, o ato só é reconhecido pelos vizinhos três anos mais tarde, através do Tratado de Montevidéu.

Mais tarde, com o estabelecimento de uma república, a política divide-se entre conservadores (blancos) e liberais (colorados). As desavenças entre visões políticas levaram o país a uma Guerra Civil que se estenderia por 12 anos (1839-1851). Artigas morreria em 1850, um ano antes do fim da guerra civil. Contudo, será lembrado como grande patrono do Uruguai.


20 – Dia Mundial do Refugiado

Celebrado em 20 de junho, desde 2001, o Dia Mundial do Refugiado é uma data para a reflexão sobre a situação em que se encontram pessoas forçadas a abandonar seus países de origem devido a perseguições, conflitos armados e crises humanitárias.

21 - Dia de Luta por uma Educação não-sexista e sem discriminação

Proclamado pela Rede de Educação Popular entre Mulheres da América Latina e do Caribe (Repem) com o objetivo de pensar a educação a partir de uma perspectiva do poder, da diferença e da diversidade. 

25 – Dia do Imigrante 

O Dia do Imigrante é comemorado em 25 de junho no Brasil.

A imigração é um fenômeno que ocorre quando há o deslocamento de grupos de indivíduos das regiões / países em que nasceram para terras estrangeiras.

Esta data foi criada para homenagear essas pessoas, que deixam para trás amigos e família em busca de melhores condições de vida.


26 - Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura

A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1997, sendo realizada no mesmo dia em que foi assinada a Convenção contra a Tortura, criada em 26 de junho de 1987, por parte dos Estados-membros da Organização.

O objetivo da data é, além de apoiar as vítimas dessa repulsiva prática, combater a execução de atos de tortura por parte dos órgãos repressivos dos Estados. Segundo Ban Ki-moon, ex- secretário-geral da ONU, em seu discurso referente à data em 2012, “todos os dias, mulheres, homens e crianças são torturadas ou maltratadas com a intenção de destruir sua dignidade e seu sentimento de valor humano. Em alguns casos, isto faz parte de uma política de Estado para fomentar o medo e intimidar a população”.

Nesse sentido, uma das principais ações com a instituição dessa data é criar condições de amparo solidário, material e psicológico às vítimas de torturas e maus-tratos, principalmente através de apelos para que os Estados se prontifiquem a atuar para a erradicação dessa prática.

Apesar de ser combatida, a tortura é praticada em diversos países, inclusive, em alguns casos, ela é aplicada sistematicamente como política repressiva e de investigação. No caso específico da América do Sul, ela foi adotada por todos os regimes comandados por militares durante o século XX.

Um dos principais difusores dessas práticas foram as Forças Armadas do Brasil, que ensinaram diversas técnicas de tortura às demais forças militares estatais da América do Sul, com o objetivo de exterminar as forças políticas opositoras a esses regimes. Atualmente, a tortura ainda é uma medida de obtenção de confissões comumente adotada em delegacias e batalhões militares, principalmente contra pobres e pretos, evidenciando que essa prática ainda não está extinta no país. Pelo contrário, nos últimos anos cresceu um discurso de tolerância a tortura de Estado e de forças paramilitares no Brasil.  

Ilustração Cristovão Villela

26, 1968 – Passeata dos Cem Mil 

A Passeata dos Cem Mil de 26 de junho de 1968 entrou para a História do Brasil como o símbolo máximo da resistência popular à ditadura militar. Em março de 1968, a PM invadiu o restaurante universitário Calabouço, onde estudantes protestavam contra o preço das refeições. No confronto, o comandante da PM, Aloísio Raposo, matou o estudante Edson Luís, de 18 anos, com um tiro no peito. Durante o velório e, sobretudo, na missa do estudante, o Rio de Janeiro pegou fogo. A polícia avançou contra estudantes, padres, jornalistas e populares.

Em 21 de junho, aconteceu a ‘Sexta-feira Sangrenta’. Durante outra manifestação, desta vez na porta do Jornal do Brasil, três pessoas foram mortas, dezenas ficaram feridas e mais de mil foram presas. O gosto de sangue na boca da ditadura ruiu diante da opinião pública. Diante da repercussão negativa do episódio, o governo acabou permitindo nova manifestação estudantil, marcada para o dia 26 de junho. Segundo o comando militar, dez mil policiais estariam prontos para entrar em ação, caso fosse necessário.

Ao meio-dia daquela quarta-feira, dia 26 de junho, a Cinelândia já estava tomada pelo povo, em clima de festa, quando o líder estudantil Vladimir Palmeira começou a discursar. Logo, colunas com milhares de estudantes chegaram à praça. Foram recebidos em delírio pela multidão.  Intelectuais, artistas, professores, religiosos, líderes sindicais, políticos e donas de casa se misturavam à massa. 

Pouco depois das 14 horas, começou a passeata, que tomou a avenida Rio Branco em direção à Presidente Vargas. Os manifestantes caminharam pelas ruas do centro do Rio, gritando slogans como “Abaixo a ditadura”, “O povo organizado derruba a ditadura”, “Libertem nossos presos” e “Abaixo o MEC-Usaid”. Diante das lojas fechadas, os estudantes pediam: “Abram suas portas; quem quebra é a polícia”. Os comerciantes, ao atender aos apelos, eram saudados com aplausos. Dos prédios, chovia papel picado e eram acenados lenços brancos em apoio à manifestação.

Braços dados, rostos tensos e vozes alteradas, os maiores expoentes da vida artística nacional se colocaram na linha de frente, arrastando o povo. Eva Wilma, Nara Leão, Marieta Severo, Clarice Lispector, Norma Benguell, Nana Caymmi, Tônia Carrero, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulo Autran, Edu Lobo e Othon Bastos gritavam palavras de ordem. 

Depois de passar pela Candelária e Campo de Santana, a passeata terminou em frente ao Palácio Tiradentes, próximo à Praça XV. Ao final, uma bandeira dos EUA foi queimada e o povo foi para casa. Movimento parecido como aquele só foi visto 16 anos mais tarde no comício pelas Diretas Já. 


28 – Dia Internacional do Orgulho LGBT+

No dia 28 de junho comemora-se em todo o mundo o Dia Internacional do Orgulho LGBT+. A data tem o principal objetivo de conscientizar a população sobre a importância do combate à homofobia e a transfobia para a construção de uma sociedade livre de preconceitos independente da orientação afetivo sexual. 

É uma luta incansável por direitos, respeito e contra os obstáculos impostos por uma sociedade civil majoritariamente preconceituosa e um governo alicerçado em ideais arcaicos e patriarcais. Em junho de 2019, o Brasil teve uma importante conquista na luta LGBT+ com a criminalização de atos de homofobia e transfobia pelo Supremo Tribunal Federal. 

O Brasil é um dos países que mais discrimina e mata pessoas LGBTs no mundo. De acordo com o relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (ILGA), o Brasil ocupa o primeiro lugar nas Américas em quantidade de homicídios de pessoas LGBTs e também é o líder em assassinato de pessoas trans no mundo.

De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), a cada 19 horas, uma pessoa LGBT+ é morta no país. Segundo a Rede Trans Brasil, a cada 26 horas, aproximadamente, uma pessoa trans é assassinada no país. A expectativa de vida dessas pessoas é de 35 anos

Segundo o relatório “Observatório das Mortes Violentas de LGBT+ No Brasil – 2020”, realizado pelo Grupo Gay da Bahia e pela Acontece Arte e Política LGBT+, de Florianópolis, pelo menos 237 pessoas morreram por conta da violência LGBTfóbica no ano passado. Sendo que 224 foram homicídios (94,5%) e 13 suicídios (5,5%).

Os dados mostram que das 237 pessoas que morreram em 2020, 161 eram travestis e trans (70%), 51 eram gays (22%), 10 eram lésbicas (5%), 3 eram homens trans (1%), 3 eram bissexuais (1%) e 2 eram heterossexuais que foram confundidos com gays (0,4%).

O Dia Internacional do Orgulho LGBT+ marca um episódio que aconteceu em 1969, em Nova York, quando frequentadores do bar Stonewall Inn reagiram a uma série de batidas policiais realizadas com frequência no local e motivadas pela intolerância. No ano seguinte, 28 de junho foi escolhido para ser o dia da primeira Parada Gay, nos Estados Unidos, o que inspirou outras mobilizações mundo afora, sob a bandeira da luta contra o preconceito.



Referências: 

Calendário Histórico dos Trabalhadores – MST, 1998; Diário da Causa Operária, 19/06/2020.; Calendarr Brasil/CalendárioFeminista 



domingo, 30 de maio de 2021

Junho

Apesar de todos os apelos da sociedade de consumo, ainda não somos descartáveis. Para vivermos o presente e construirmos o futuro, precisamos conhecer nossa história, homenagear nossos mártires, cultivar nossa cultura, valores e tradições de luta. 

A cada edição, o Pavio Curto publicará este calendário apresentando datas e acontecimentos importantes para a classe trabalhadora. Acontecimentos que devem ser estudados e debatidos. Datas que merecem nossa lembrança.


 Dia 1º – Dia da Imprensa 

No Brasil, o Dia da Imprensa se comemorava, até 1999, no dia 10 de setembro, por ser a data da primeira circulação do jornal Gazeta do Rio de Janeiro, em 1808, periódico da Corte. Em 1999, a comemoração do Dia da Imprensa mudou de data e passou a ser celebrado em 1º de junho, data em começou a circular o jornal Correio Braziliense, fundado por Hipólito José da Costa, considerado o patrono da Imprensa brasileira. 

Este periódico iniciou suas publicações em 1808, mas era um jornal clandestino e começou a circular cerca de três meses antes. Exilado na Inglaterra, Hipólito da Costa imprime o Correio Braziliense em Londres, sendo o primeiro jornal em língua portuguesa a circular e tratar do Brasil. O nome obedece ao vocabulário da época: Brazileiro = português ou qualquer estrangeiro que vinha morar no Brasil; Braziliano = indígena; Braziliense = natural do Brasil. 

Durante 14 anos, jornal veio todos os meses para o Brasil de navio. De tiragem mensal, tinha entre 100 e 150 páginas e era lido essencialmente por comerciantes interessados em fazer negócios com Portugal ou sua colônia. A publicação se dividia em quatro seções – política, comércio e artes, literatura e ciências e miscelânea – e era extremamente crítica ao governo português. À distância, opunha-se ao poder absoluto e propunha uma monarquia constitucional. Circulou até dezembro de 1822, publicando 175 edições. Um jornal dos Diários Associados em Brasília assume o nome Correio Braziliense em 1960, quando a capital federal foi fundada.

 Dia 05 – Dia Mundial do Meio Ambiente 



Em 1972, na Assembleia Geral das Nações Unidas, foi criado o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data marcou a abertura da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, evento que ficou conhecido como Conferência de Estocolmo.

Nela, foi aprovada a Declaração da Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente, que define princípios que visam à melhoria da preservação do planeta. 

O avanço tecnológico, social e econômico capitalista está intimamente ligado a degradação do meio ambiente.  O planeta foi explorado de maneira predatória, na tentativa de gerar benefícios à sociedade humana. Os recursos eram vistos como inesgotáveis. A ideia de que a natureza existe para servir ao ser humano contribui para a degradação ambiental que temos hoje. 

Os povos originários que buscam uma relação de troca e se sentem parte do meio ambiente são tão atacados e desrespeitados como o próprio lugar em que vivem. Representam um impedimento nas estratégias de exploração, nas quais o crescimento econômico tem mais valor que os recursos naturais – como água, florestas, solo e árvores.

A data busca estimular a postura crítica e ativa em relação aos problemas ambientais do planeta. A necessidade de valorização dos costumes dos originários, proteção e equilíbrio da natureza por meio do resgate da preocupação ambiental com nossa flora, fauna e povos das florestas são questões de sobrevivência da nossa espécie. Nossa vida depende de escolhas que fazemos hoje no nosso dia a dia.

 12 - Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil 

O Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil foi instituído pela OIT em 2002, ano da apresentação do primeiro relatório global sobre o trabalho infantil na Conferência Internacional do Trabalho. No Brasil, o 12 de junho foi instituído como Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil pela Lei Nº 11.542/2007.

Mesmo proibido pela Constituição, o trabalho infantil atinge 2,4 milhões de meninos e meninas entre 5 e 17 anos, em grandes, médias e pequenas cidades. Em muitos casos, são vendedores ambulantes, mas há também aqueles que vivem sua rotina na lavoura ou até mesmo na mineração. Em 2019, foram registradas 86 mil denúncias de violações a direitos humanos que tinham como vítimas crianças e adolescentes. Deste total, 4 mil se referiam a trabalho infantil.

Não bastassem os números preocupantes, todos os dias lidamos com mitos e impropérios, ditos que se ‘consagram’ entre padarias e pontos de ônibus, entre esquinas e calçadas Brasil afora. Um deles diz que “trabalhar não mata ninguém”, o que não é verdade. Muitas vezes, o trabalho infantil tem como consequência acidentes que resultam na morte de crianças e adolescentes todos os dias. Outro mito diz que “é melhor trabalhar do que roubar”, como se houvesse uma relação de dualidade ou simples escolha. 

Não incentive o trabalho infantil! Lugar de criança é na escola!

 Dia 14 - Nascimento de Che Guevara (1928) 


Ernesto Guevara de La Serna, o Che, nasceu na Argentina, na província de Rosário, em 14 de junho de 1928. Mesmo sofrendo de asma, foi um menino que se destacava pela força de vontade, pelo espírito de autossuperação, pela capacidade de liderança, pela perseverança, pela sua atitude de querer saber mais a fundo as coisas e pelo seu espírito de solidariedade.

Em julho de 1955, Che conheceu Fidel Castro, que estava no México preparando um grupo de revolucionários para ir a Cuba tentar derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista. Bastou uma noite de conversa para Guevara se transformar em um dos futuros expedicionários. Em 1º de janeiro de 1959, triunfou a Revolução Cubana, da qual Che foi um destacado comandante.

Sem se apegar a sua pátria, ele dedicou sua vida a luta pela libertação dos trabalhadores. Primeiro em Cuba, depois no Congo e finalmente na Bolívia, onde foi assassinado em 8 de outubro de 1967, a mando dos imperialistas estadunidenses. 

Alguns dos pensamentos de Che Guevara:

“Sentir profundamente qualquer injustiça cometida, contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, é a qualidade mais bela de um revolucionário.”

“Que culpa tenho eu, se meu sangue é vermelho e meu coração é de esquerda?”

“Hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamais.”

“Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros.”

“Deixe-me dizer-lhe, correndo o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor.”

“Até a vitória, sempre!”


Referência: 

Calendário Histórico dos Trabalhadores – MST, 1998

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Maio

Apesar de todos os apelos da sociedade de consumo, ainda não somos descartáveis. Para vivermos o presente e construirmos o futuro, precisamos conhecer nossa História, homenagear nossos mártires, cultivar nossa cultura, valores e tradições de luta. 

A cada edição, o Pavio Curto publicará este calendário apresentando datas e acontecimentos importantes para a classe trabalhadora. Acontecimentos que devem ser estudados e debatidos. Datas que merecem nossa lembrança. 

15, 1992

Fundação da Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (CONCRAB) 

O Movimento dos Sem Terra (MST) sempre estimulou as atividades coletivas como principal forma de enfrentar os problemas de produção e comercialização nos assentamentos. Como frutos deste trabalho surgiram Grupos Coletivos, Associações e Cooperativas de Produção Agropecuária. 

O Sistema Cooperativista dos Assentamentos é a organização do Setor de Produção e Comercialização do MST. Ele cuida dos assuntos da produção, comercialização, tecnologia, agroindústria, crédito rural e da organização de base. Esse setor surgiu em 1990 para estimular todas as formas de cooperação agrícola dentro dos assentamentos, integrando também os assentamentos individuais.

Em 15 de maio de 1992, numa histórica assembleia com representantes de cooperativas de dez estados brasileiros, foi fundada, em Curitiba (PR), a Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (CONCRAB). Entre os seus objetivos estão: articular políticas de desenvolvimento agropecuário das cooperativas e assentamentos; organizar escolas técnicas nas áreas administrativa, financeira e agronômica; estudar o mercado e possibilidades de instalação de agroindústrias; e viabilizar atividades de exportação e importação. 


17

Dia Internacional Contra a Homofobia

O Dia Internacional Contra a Homofobia é celebrado anualmente em 17 de maio.

Também é conhecido como “Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia”, pois visa conscientizar a população em geral sobre a luta contra a discriminação dos homossexuais, transexuais e transgêneros.

A homofobia consiste no ódio e repulsa pelo público LGBTQIA + e a luta para combater tanta violência e intolerância se torna pauta fundamental para que possamos formar uma sociedade que esteja baseada no respeito à diversidade, independente de sua orientação afetivo sexual ou identidade de gênero. 

O Dia Internacional Contra a Homofobia (International Day Against Homophobia, em inglês) é comemorado em 17 de maio em memória à data em que o termo “homossexualismo” passou a ser desconsiderado. Na mesma ocasião, em 1990, a homossexualidade foi excluída da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID), da Organização Mundial da Saúde (OMS), onde era considerada transtorno ou desvio. 

No Brasil, esta data está incluída no calendário oficial do país desde 2010, de acordo com o decreto de 4 de junho desse ano.

Importante destacar que o objetivo desta data é debater os mais variados tipos de preconceitos contra as diferentes orientações afetivo sexuais e identidades de gênero, além de gerar o desenvolvimento de uma conscientização civil sobre a importância da criminalização da homofobia.

Esta data é um momento importante para a organização de atividades que promovam e apoiem a igualdade de direitos dos homossexuais e da comunidade LGBTQIA +.


18

Dia da Luta Antimanicomial



Por Jamila Zgiet – convidada do Pavio Curto

Engana-se quem pensa que a luta antimanicomial diz respeito somente à extinção dos hospícios e das formas cruéis de tratamento em saúde mental. Pensar de forma não manicomial tem a ver com agir sem preconceitos, respeitar individualidades, identificar e cuidar do sofrimento que afeta o outro.

A Psiquiatria, embora possa contribuir muito para o alívio das dores da alma por meio da Química, ao longo da História foi responsável pelo aprisionamento dos sujeitos ditos loucos. A instituição psiquiátrica foi local de punição e prisões políticas. A extinta Liga Brasileira de Higiene Mental tinha princípios nazistas, defendendo a eugenia e conferindo cientificidade a posicionamentos retrógrados e preconceituosos. Não por acaso, atualmente órgãos de classe da categoria médica são capazes de ignorar estudos que rejeitam o uso da famigerada hidroxicloroquina ou da ivermectina no combate à Covid-19, mantendo-se “isentões” ou tranquilamente defendendo o atual Governo Federal e sua ausência de medidas contra o vírus.

Ora, se a razão é a econômica e, por ela, vê-se como natural a morte de meio milhão de pessoas em um ano por uma doença para a qual já há vacina, talvez devamos considerar o que a “desrazão” tem a dizer! Se as mentes sãs e arrazoadas promovem violências gratuitas contra populações pobres e negras e encontram motivos em frases feitas e cheias de ódio, talvez os loucos nos deem alguma dica do que fazer. Um famoso louco ensinava: “gentileza gera gentileza”. Outro insistia: “viva a sociedade alternativa”.

A luta antimanicomial tem a ver com libertar corpos e mentes. É derrubar muros, mas também construir pontes, desnudar os moralismos em que somos imersos. Só seremos capazes de vencer os retrocessos da razão burguesa dando ouvidos aos loucos em vez de votos aos maus.


19, 1895

José Martí: líder da independência cubana




Nascido em Havana, filho de pais espanhóis e entregue ao ideal de liberdade desde a adolescência, José Martí é um dos mártires da história cubana. Dono de grande sensibilidade poética e retórica, teve seu pensamento político influenciado por experiências vividas na Europa, nos Estados Unidos e também em países latinoamericanos. 


Fundador do Partido Revolucionário Cubano, que reuniu compatriotas que tinham a mesma veia libertadora, participou ativamente da articulação política para a Guerra Necessária, contra o domínio espanhol. O confronto teve início em 1895. Martí acabou morto em combate no dia 19 de maio, enquanto comandava a luta nas proximidades do vilarejo de Dos Ríos, na parte leste da ilha.


Pioneiro na luta antiimperialista, Martí deixou como legado extensa produção literária, com discursos, ensaios, poesias e peças de teatro. Depois de ser assassinado, seu corpo foi mutilado pelos soldados espanhóis e exibido à população por uma semana antes de ser sepultado, em Santiago de Cuba. Atualmente, o Aeroporto Internacionalde Havana leva o seu nome.



27

Dia da Mata Atlântica

Certamente você já ouviu um argumento sobre a pressão internacional pela preservação do meio ambiente que diz mais ou menos o seguinte: “Esse pessoal estrangeiro só quer preservar nossa floresta porque a deles já foi totalmente desmatada. Aqui a gente cuida da natureza, sim”. Não é bem assim, e o Brasil não é exemplo de consciência ambiental.

Considerado pela WWF Brasil como o bioma mais degradado de nosso país, a Mata Atlântica atualmente conta com somente 12,4% da sua área original de floresta. 

Ela está presente em 15% do território brasileiro, em grande parte na área costeira dos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe, e se estende pelos vizinhos Argentina e Paraguai. 

O desmatamento cresceu 27,2% em 2018/2019, com o afrouxamento das leis de proteção da Mata Atlântica pelo ministro Ricardo Salles. O Despacho 4410/2020, por exemplo, permite que proprietários rurais não recuperem áreas desmatadas, ameaçando espécies como a onça-pintada. Se alguma medida efetiva não for tomada nos próximos anos, gerações futuras correm o risco de conhecer a biodiversidade somente pelos livros de História.



Referências: 

Calendário Histórico dos Trabalhadores – MST, 1998

Referências

  • Breve História de Cuba 

  • josemarti.cu