sábado, 10 de abril de 2021

ABRIL

Apesar de todos os apelos da sociedade de consumo, ainda não somos descartáveis. Para vivermos o presente e construirmos o futuro, precisamos conhecer nossa história, homenagear nossos mártires, cultivar nossa cultura, valores e tradições de luta.

A cada edição, o Pavio Curto publicará este calendário apresentando datas e acontecimentos importantes para a classe trabalhadora. Acontecimentos que devem ser estudados e debatidos. Datas que merecem nossa lembrança.


 De 15 a 20/04, 1906 

1º Congresso Operário do Brasil (RJ)

No início do século XX, instalaram-se as primeiras fábricas no Brasil, dando origem ao operariado industrial. O nascente movimento operário brasileiro recebeu grande influência das ideias anarquistas, atraídas pelos migrantes europeus.

O 1º Congresso Operário do Brasil, realizado em 1906 no Rio de Janeiro, deu origem à Conferência Operária Brasileira, à COB, fundada em 1908, primeira organização operária de caráter nacional do país.

Participaram 43 delegados representantes de 28 organizações operárias de vários estados brasileiros. O programa de lutas aprovado no Congresso, tinha, entre outras propostas: redução da jornada de trabalho, estímulo à sindicalização, regulamentação do trabalho e liberdade de reunião.


 Dia 17, 1996 

Dia Internacional da Luta Camponesa

No dia 17 de abril de 1996, durante a Marcha por Emprego e Reforma Agrária, em Eldorado dos Carajás, no Pará, 19 trabalhadores rurais foram assassinados e mais de cem pessoas ficaram feridas, numa emboscada da Polícia Militar. A ordem para o ataque partiu do governo paraense, numa ação articulada com os fazendeiros da região.

Um dos sem-terra assassinados foi Oziel Alves, de apenas 18 anos que, preso, foi barbaramente torturado até a morte e obrigado a gritar “Viva o MST!”. Reunidas no México naquela mesa data, organizações camponesas de 67 países articuladas na Via Campesina decidiram transformar o dia 17 de abril no Dia Internacional da de Luta Camponesa.

Um ano depois, em abril de 1997, o MST realizou uma caminhada de mil quilômetros rumo a Brasília. Na chegada, o movimento reuniu mais de 100 mil pessoas em um protesto em defesa da Reforma Agrária e pela punição dos responsáveis pelo Massacre de Eldorado dos Carajás.

Desde então, abril também é marcado como o mês em que são intensificadas as lutas por terras pelo MST e também uma forma de camponeses e camponesas se unirem para lembrar a data e homenagear as vítimas do massacre. É o Abril Vermelho.


 Dia 19, 1943 

Dia do Indígena

O 19 de abril foi escolhido como o dia do “índio” no 1º Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México em 1940. Nesta data, os indígenas passaram a participar oficialmente no congresso, iniciado dias antes.

O Brasil enviou como representante Roquette-Pinto, que não era indígena. Havia também antropólogo, etnólogo e estudioso de povos indígenas, mas nenhum indígena.

O Dia do Índio foi decretado no Brasil em 1943, pelo então presidente Getúlio Vargas, que exercia o poder de forma ditatorial no chamado Estado Novo.

Muitas controvérsias são importantes de serem discutidas nesse dia. Podemos começar inclusive pela palavra “índio”. Termo que não define e sim, pode inclusive pejorativamente, ter significados como largado, sujo, selvagem, canibal, bugre.

O melhor termo é indígena, que significa “original do lugar”, um “nativo”.

A comemoração dessa data geralmente costuma generalizar a diversidade indígena, desinformando, discriminando e criando uma imagem equivocada, folclórica e distante da realidade dos povos originários.


O que comemorar?

Para os indígenas a sensação é para que comemorar? Ou o que comemorar? Massacre não se comemora. O que vemos é uma grande contradição. De um lado, uma comemoração oriunda de uma data onde se definiu algumas medidas genéricas a serem tomadas em defesa dos povos indígenas, como "respeito à igualdade de direitos e oportunidades para todos os grupos da população da América" e "respeito por valores positivos de sua identidade histórica e cultural”.

Do outro lado vemos ataques constantes do governo federal aos direitos dos povos indígenas, invasão de terras e péssima administração na saúde dos indígenas na pandemia. Além disso, a sociedade vê os povos originários como personagens folclóricos, de histórias antigas e que não evoluíram. O sistema econômico os vêm como improdutivos e que impedem o desenvolvimento do acúmulo de capital.

As questões dos povos originários parecem muito mais um problema do que um tema de valorização e respeito para comemoração.

A próxima edição do Pavio Curto será dedicada aos povos originários e sua luta. Traremos entrevistas, charges e muito conteúdo sobre o tema.


 Dia 21, 1792 

Tiradentes

Em 1789, os mineiros tentaram organizar um movimento pela independência. Foi a Conjuração Mineira. Os revoltosos queriam que sua capitania não dependesse mais de Portugal e comprar produtos de qualquer comerciante, e não apenas dos amigos do rei. Produzir aqui muitos artigos que eram obrigados a importar.

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, um dos líderes do movimento, foi enforcado no dia 21 e abril de 1789. Sua cabeça ficou exposta em um poste em praça pública, na cidade de Ouro Preto. Hoje, nessa praça, existe uma estátua de Tiradentes.

A classe dominante que matou Tiradentes, mais tarde fez desse dia um feriado nacional. Ela tem medo do povo. Primeiro mata seus líderes, depois levanta estátuas, roubando assim do povo seus próprios símbolos de resistência.

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